26 setembro 2011

"Aprendizagem de desamprender"

     autor: desconhecido | fonte: deskbase.blogspot.com
É com imagens como esta, bem bucólicas e cristalinas, que me lembrava assim que alguém fala de campo ou agricultura.. mesmo sabendo que não é nenhum espelho da realidade do nosso pais... caia sempre no erro de o fazer!
No entanto, assim que às 7:45h da manhã chego à quinta do acipreste e saio do carro para ir enfrentar mais uma "jorna" da apanha da maçã... todas essas imagens fugazes se desvanecem e os resquícios de romantismo se desvanecem no ar gélido e no nevoeiro cerrado das manhas de Outono, aqui neste lugar frenético.
É com algum pesar que observo a data do último post... ainda por cima um post interessante e relativamente importante para mim! Mas não consigo... não tenho força, paciência, estímulo ou vontade de escrever depois de um dia destes, tão desgastante fisicamente e espiritualmente estrangulador... sinto a alma "castrada", como se estivesse temporariamente suspensa de actividade. Quase imersa em nevoeiro de gelo seco, impeditivo de qualquer trabalhar da mente...
Como eu percebo agora Alberto Caeiro... quando, enquanto homem simples e pensador falava da sua "aprendizagem de desaprender".
Entendo agora aquela "falta de aspiração" a melhor ou vontade de fazer outras coisa das pessoa que trabalho em ofícios deste género, como que levados únicamente por ver o seu mísero ordenado no final do mês... sem qualquer tipo de gosto ou respeito pelo seu trabalho.
Sinto-me como elas... atado e sem força para pensar ou interrogar. Talvez seja por isso que não escrevi aqui mais cedo. Provavelmente não seja só pelo desgaste físico... mas mais importante que isso, o sentimento de "resignação" ao fatalismo que estas "jornas" acabam por incutir ao espírito humano!
Não tenho vergonha do trabalho! Antes pelo contrário... tenho um enorme orgulho por ser capaz de o fazer ao lado das pessoas que o fazem todos os anos. Mas deita-me a baixo de uma maneira tão subtíl que até eu demoro algumas semanas a percesber o que me aconteceu!
Preciso de "subir à mesa" e ver a vida de outro prisma... senão irei dar comigo num ritual concentrico, impedido de lutar por melhor!
Vamos crer que seja só uma fase... até porque além do trabalho, outras coisas têm acontecido que numa qualquer outra altura em que não andasse tão esgotado... provavelmente já se encontrariam aqui expostas! Talvez esta semana... entretanto ando a aprender a desaprender como fazer certas coisas. Algum pré-conceitos e estereótipos, incutidos durante esta curta e atribulada vidinha, e que através deste "reality-check" foram agora postos em causa e inevitavelmente sujeitos às devidas mutações.
Definitivamente, não ando a pensar tanto... neste caso particular até de menos. Mas isso, agora, fica mesmo para outro post!

18 setembro 2011

Mudança de ritmo...

     Stillframe do video-clip: "Slowdance"| Matthew Dear
Como tinha ficado sem trabalho em Lisboa, decidi ir passar uma temporada à terrinha, e aproveitando a época da fruta, lá fui eu (qual proletariado resignado) para a sua apanha. Em tempos de crise, temos que aceitar aquilo que nos é disponibilizado... E sim... como ia para a terra natal, sempre iria encontra-la!
Tinha passado duas semanas sem a ver. Apenas as fugazes trocas de mensagem por telemóvel - tão habituais e sempre inevitáveis em situações do "género" e em relacionamentos deste tipo.

Foram aqueles olhos, de um nobre e agradável castanho escuro, tão reconhecíveis, sem qualquer tipo de julgamento ou demais hipócritas expectativas que se tornaram na seiva que alimentou as últimas noites.

A partilha de um café... um jantar... uns copos à demasiado tempo adiados,  serviram para recordar o background conjunto, voltar a saber da família, as histórias da vida e os amigos em comum. Foi como voltar a provar uma comida reconfortante feita por alguém próximo.
Mas sempre que falamos de "nós"... a coisa torna-se mais complicada e a comunicação parece falhar! Não sei... talvez falta de hábito, algumas reservas... diferenças de personalidade e expectativas.
E assim, ficamos na dança do relacionamento...
O importante foi sentir a alteração de ritmo! A mudança radical de atitude... Fazer qualquer coisa, porra! Não tinha trabalho, fui apanhar fruta. Andava hiper nervoso, a "pensar na vida" e o trabalho manual, completo de sujidade, roupa estragada, braços arranhados, unhas imundas e músculos doridos acabou por ser libertador. Numa outra altura qualquer... antigamente, seria um suplício! Um transtorno e uma crise horrível... Agora, vamos andando e não vale a pena pensar muito.
Irei aceitar, diz sim, aquilo que me for naturalmente oferecido.
É engraçado... durante estes dias lembrei-me de uma frase que "apanhei" num qualquer filme e que tinha escrito no bloco de notas:
"If you get good at surviving, you forget why you are doing it for!"
Nada conseguiria pintar melhor esta fase da minha vida! Apanhei-me a andar constantemente a tentar sobreviver no meio de demónios e teorias complexas...  Já pouco ou nada me lembrava do "para quê" de isto tudo!
No fim de contas... basta partilhar um pouco da vida e apenas ansiar para estar perto desse "alguém".

13 setembro 2011

Dicotomia | Sexo e Paixão

     autor: desconhecido | fonte: techfeedr.com
Sempre tive o péssimo hábito de me apaixonar antes de "ir para a cama" com alguém! Digo péssimo, porque só me fez mal e acabou - mais tarde ou mais cedo - por me trazer algum dissabor... Homem que é macho, assertivo e masculino, não se apaixona até conseguir provar do bife! (não sei se me entendem...)
Lembrei-me agora que... não consigo entender a veia homosexual - não que tenha nada contra - mas não consigo entender o homem que perde a oportunidade de se entregar fisica e emocionalmente no quente, excitante e apaziguador leito de uma bela mulher!
Mergulhar no seu gentil e terno seio, e sentir o toque carinhoso e a sua doce e suave pele... Não sei se o faço bem, mas gosto... gosto tanto!
Provavelmente... agora que o pondero, acredito que não o fizesse bem.
Sempre fui uma figurinha patética e talvez ridícula, extremamente ansioso, a pensar demais... sem se entregar e com graves deficiencias ao nível da partilha de intimidade. Espero... não! Sei agora que isso já passou.
Disse-o há algum tempo a duas amigas, enquanto conjecturando sobre os conturbado inicios dos relacionamentos amorosos: "Talvez seja porque, mais vezes, a mulher apaixona-se e só depois leva o homem para a cama, enquanto que o homem vai primeiro para a cama e só se apaixona depois..."
Então o que é que isso fazia de mim!? Uma gaja...!? Não... não poderia ser isso! Seria mais uma esfarrapada desculpa, criada pelo profícuo e imaginário inconsciente, para me sentir apaziguado na minha inútil e mesquinha existência.
Como a auto-confiança não abundava, e a "forma física" era pouca - ou nenhuma - fui acabando por ter apenas algumas (não vou dizer poucas... porque não quero!) selectas parceiras sexuais e consequentemente... raríssimas "namoradas".
Talvez fossem só aquelas que gostavam mesmo de mim... não sei!
O certo é que talvez não tivesse a confiança necessária para prosseguir uma vida sexual dita "normal" para um jovem saudável e solteiro. Pergunto-me ainda se isso já terá mudado por completo e... de vez!?
Assim, dizia inocentemente que era como as meninas e que só me "esforçada" para ir para a cama com alguém, se já estivesse pelo beicinho. Que estupidez!
Maquiavélica e irrisória barbaridade...
As mudanças catalisadas por todos os acontecimentos dos últimos anos vieram alterar o status quo e agora já não me reconheço dessa maneira.
Creio que esta nova maneira de estar, mais despreocupada, tem tudo a ver com isso. Poderá ser reflexo, ou antes causa, ou talvez produto dessas alterações...
Já não sou bem eu! Sou um "ele" diferente... Pois agora, à medida que vou tomando noção destas merdas, vou-me contemplando como se estivesse numa qualquer experiência extra-corporal.
É como se fosse tudo um filme... uma história que vai a meio, mas que agora eu consigo fazer pequenas alterações ao argumento! Não sei se é o caminho para a felicidade ou paz de espírito... mas sinto que me torna mais... calmo e leve.
(curioso...já não é a primeira vez que o digo!)
Como se o peso da minha própria existência, a pressão da minha vontade... se desvanecesse na tépida brisa de um solarengo e fresco final de tarde de Outono.

10 setembro 2011

Da ansiedade... à ataraxia.

     autor: desconhecido | fonte: merryquitecontrary.wordpress.com
Não sei explicar bem... É qualquer coisa de gratificante que se sente.
Como se fosse a materialização de uma qualquer reminescente vontade selvagem de criar ou manter "um abrigo". Provavelmente será simplesmente a necessidade de verificar que se é capaz de o fazer!...
Acho que faz sempre bem a um homem andar a fazer pequenas obras ou arranjos na sua casa. Com a expressão facial da mais complexa das concentrações, a deambular compassadamente pelas divisões do apartamento a fazer coisas.
Estou a ver-me: de chinelos, calções descaídos e sem t-shirt... algumas linhas quebradas de suor a escorrer pelas costas... sujo, impregnado, mãos nojentas... a sujar tudo em que se toca e a pensar o que vai lanchar mais tarde.
Seja a fazer arranjos com ferramentas espalhadas pelo chão ou com luvas, trinchas, decapantes, espátulas e jornais a retirar tinta vã de portas velhas, como é o caso. Dores nos joelhos e nas costas por andar a raspar ombreiras em posições que nem poderiam constar no Kamasutra! (talvez seja mas é de ter ido de manhã ao ginásio... mas isso agora não interessa para nada!)
Mas um problemas revela-se!!! O trabalho torna-se inexequível... alterando rapidamente o "status quo" e tornando a situação impraticável.
Um homem fica "de rastos" ao tomar a consciência da sua própria impotência em relação ao simples mas desgastante trabalho nada herculiano... e resignado com a sua desistência. Seja por falta do equipamento ou ferramenta certa, seja simplesmente por não ter capacidade para o completar... e ainda fica o lixo espalhado e as merdas todas para arrumar!
É evidentemente claro que, na vida, algumas coisas têm que ficar por fazer!...
Mas andava já há algum tempo a planear estes pequenos trabalhos e tinha agora arranjado os materias que julgava necessários. No entanto, não vou conseguir acabar o serviço e vou ter de ir arranjar um maçarico e "pegar fogo" às portas, coisa que não queria fazer por me julgar incapaz, mas que terá de ser mais um desafio a ser ultrapassado...
Já são tantas as coisas que ficam ou que ficaram por fazer ao longo destes anos... coisas que foram adiadas por vontade própria ou por não ter vontade imediata para as fazer... por falta de verbas ou de simples desleixo no seu planeamento... Talvez algumas tenham sido, à partida, resignadas ao insucesso por começar logo a preocupar-me demasiado com as mesmas... e assim transformando-as em enormes montanhas impossíveis de escalar!
Agora já não é assim... já não me preocupo tanto. Que se lixe... fica por fazer até arranjar a ferramenta, e pronto! A casa é minha, e eu é que sei... Reconheço em mim a vontade suficiente para terminar o serviço, e por isso tenho a certeza que o irei fazer, mais cedo ou mais tarde.
Sinto-me diferente... sinto-me como se padecesse de Ataraxia (da Filosofia - Termo grego para um estado lúcido, caracterizado pela ausência de preocupação ou de qualquer outra preocupação). Não sei se é bom, ou se é mau...
Sinceramente... não quero saber. Faz-me sentir bem... fico leve.

07 setembro 2011

"ignorance is a bliss..."

     autor: desconhecido | fonte: itscarols.tumblr.com
Libertei-me disto e daquilo... de mais alguma coisa e de outras coisas que não importavam! Não me desfiz de tudo, pois quero continuar a ser EU, manter a minha identidade e não trair a minha intrinseca existência. Já não quero mais saber, controlar tudo e mais alguma coisa e provar que "o sei e posso fazer"...
Vinha agora no carro, com o morno sol tardio de um sempre amigo e sincero Outuno que se aproxima a bater na face, quando me "caiu a ficha":
"Não quero saber... que se lixe... ignorance is a bliss!..."
Não consegui dormir mais que duas horas na segunda feira... tinha umas merdas na cabeça, e foi um pouco extenuante. Aproveitei e peguei no livro que andava há duas semanas para acabar. Ainda bem que o fiz!
Terá sido provavelmente a melhor altura para o ler e de certa maneira irá contribuir (ou não...) para uma espécie de salvamento em último recurso da pobre alma conspurcada por auto-flagelos e imposições obrigacionistas de controlo ou de metas impossíveis ou improváveis de ser atingidas...
Sempre quis mais... melhor... tudo! Talvez... não! Sempre fui invejoso!
Porque não haveria de o ser... gosto de coisas bonitas, boas, diferentes... se os outros tinham porque não podia ter eu!?
Imaginava-me sempre como o "cavaleiro" em busca da sua batalha e da donzela presa no castelo... que nunca encontrava. Mas sempre fazia questão de dizer, gritando para todos o conseguissem ouvir, que o queria fazer... talvez para "provar" que o era capaz! Assim, fechava-me numa espécie de "casulo" afastando... bem! muita coisa que não vou aqui descrever!
O que interessa é que já não quero isso tudo... deixei de ambicionar e querer "provar" que posso travar essas batalhas e salvar não sei quem... por agora, antes prefiro ignorar era vontade e essa auto-obrigação que se tronava estupidamente enclausuradora!
Talvez não precise de ir salvar donzelas em apuros... quem me julgo ser!? Será que não basta ir passear, rir um bocado ou beber um copo!?
É um sentimento engraçado... a melhor maneira de o descrever é como e andasse o dia inteiro, sempre num constante e equilibrado estado pré-alcoólico.
Do tipo, quando ainda não estamos mal dispostos, todos são nossos amigos, não queremos mal a ninguém e só ambicionamos paz no mundo.
Secretamente ainda desejo uma coisa. Uma única e simples coisa... que no meu inconsciente, espero que não aconteça verdadeiramente, ou antes, quando acontecer que seja o mais tarde possível. No entanto, e como sou humano, reservo-me o direito de secretamente o desejar porque talvez a minha personalidade filosófica, taciturna e humilde assim o obriga.
No entanto, vou considerar isto um passo em frente... positivo e veículo de uma mudança. Não tem de ser uma mudança para "melhor"... neste momento bastará ser uma mudança para outra coisa qualquer... sim, qualquer! É me indiferente.
Melhor!? Melhor só isto acontecer e não saber que aconteceu... se fosse só um sonho, e quando finalmente despertasse não me recordasse de nada!
Era mesmo lindo, talvez pacífico... era uma benção.


05 setembro 2011

"como tornar-se doente mental"

     "Le fils de l'homme" René Margritte (1964)
Acho que estou danificado... não! tenho a certeza que estou ou que sou estragado ou "partido"... de certa maneira, não estou na perfeitas das condições... ou antes, em condição nenhuma de jeito!
Não é novidade... não! Mas sempre existe um restício qualquer de esperança em que "a coisa" mude de alguma maneira... ou que paulatinamente a corrente me leve para uma parte mais limpa...
Como não bastava já andar com uma bebedeira do tamanho do mundo - pois não é normal um gajo conseguir beber tanto álcool e durate tanto tempo sem ir parar a uma qualquer urgência hospitalar - a chatear e importunar a totalidade dos amigos / conhecidos e trabalhadores dos bares na terrinha.... mas tinha que armar confusão com uma amiga de escola!...
Não sei explicar, deu-me para ali! E nem me consigo lembrar bem porquê... Espero e peço a todos os "santinhos" não lhe ter arranjado confusão e não ter estragado uma amizade.
Mas como não sou, de certeza absoluta, uma gajo "normal"... isso não bastou e tinha de arranjar qualquer coisa ainda mais complicado para me meter antes de a noite definhar e dar lugar à manhã inevitável de domingo.
Sim... fui-me meter com ela! Alguém com quem, provavelmente não devia me meter... acredito que muita gente o pense, mas também pouco me estou a ralar com isso. Certo é que uma conversa estúpida com os copos já perto das seis da manhã, sobre o passado e algumas infelizes experiências que temos em comum, acabou por revelar "alguma coisa" e..  não consegui resistir.
Sinto que a apanhei de surpresa!... Pois é perfeitamente normal, porque até eu fui completamente surpreendido por aquilo que fiz.
É uma daquelas coisas que, só passando por elas... a assim aconteceu!
Se pensar um pouco, e conhecendo-a desde novo, lembro que sempre lhe achei piada... não! Não é piada... talvez a achasse interessante, misteriosa e diferente! Sim... diferente e distinta de todas as "outras"... fora dos parâmetros normais.
Ou seja, eventualmente... conhecendo me como sou, eu tinha que me interessar! Acho que há algumas semanas tinha comentado isso com um amigo quando me tentaram fazer um "arranjinho" com alguém por quem não tenho interesse nenhum... deve ter ficado no incosciente.
Há uns valentes anos... numa idade em que os amigos andavam todos em grupos ou "círculos" e eu passei um pouco por todos... chegamos a conviver bastante. Claro que há altura... eu um verdadeiro "betinho" que tinha a mania que era rebelde, ela por outro lado era "outra coisa" (...) e não tinha nada a ver.
Agora, não sei... talvez! Porque não!?
O domingo foi lixado... sem saber o que fazer... dor de cabeça brutal e o organismo a dar avisos de saturação e lembretes para ganhar juízo rapidamente! Antes de me vir embora para Lisboa passei os olhos pela estante no quarto e vi o livro. Peguei nele, nem o abri... não me lembrava que o tinha, mas agora fazia todos o sentido. Atirei-o para dentro da mala.
Na altura acho que pensei: "Já que sinto que estou a perder o juízo, então porque não ler sobre o assunto!"
Qual livro!? Há, o livro é o "como tornar-se doente mental" do J. L. Pio Abreu.

02 setembro 2011

O vinho... e mulheres que falam de vinho!

     autor: desconhecido | fonte: reencontros-dinamc.blogspt.com
Hoje acabei o trabalho já tarde... tinha de finaliza-lo hoje porque queria ir amanhã para a "terrinha" e leva-lo comigo. Consegui ainda ir cansar-me ao ginásio - não o tenho conseguido fazer com assiduidade - que já tinha saudades... não tinha planos para hoje à noite, decidi que iria beber uma garrafa de vinho ao jantar.
A caminho de casa, lembrei-me que só tinha "reservas" e devia ir comprar algum nectar mais "em conta". Acabei por levar do super uma botelha de Porta da Ravessa (pois os tempos estão difíceis...) que abri ao começar a preparar um arroz de salmão e cogumelos. Mas assim que metei o primeiro copo na boca... raiva! Que merda de vinho!...Nem valia os míseros dois euros e meios que paguei por ele. Após o primeiro gole, não consegui proseguir tal trabalho, e decidi meter novamente a rolha na garrafa e guarda-la para outras nupcias...
Mas, e agora!? O que é que eu faço...
Olhei desesperado para o stock caseiro... encontrava-se já está muito diminuto! Á falta de grande escolha, peguei numa Quinta da Alorna Reserva 2007 e nesse instante pareceu-me disposta... sentia-a pronta e permissiva para ser aberta!
Não vacilei e assim que o nectar bateu no copo de pé alto, os aromas floresceram e tocando levemente na alma dorida por uma semana chata e sem jeito, lembrando outros tempos... e outras e bastante interessantes companhias!
A primeira "boca" não trouxe surpresa.... mas foi já no acompanhamento do belo prato, confeccionado com primazia, que me lembrei dela!
Tinha gravado um programa à uns dias no Meo... um episódio do "Gostos e Sabores" do chefe Hélio Loureiro na Adega Mayor com uma das enólogas... a bela e conhecedora Rita Carvalho.
Recordei as palavras do chef nesse episódio: "A vida é demasiado curta para se beber mau vinho!" Lindo!... Já me fez sentido na altura, mas agora... ganhou completamente outra amplitude!
Já em plena degustação, o vinho que tinha acabado de abrir tinha já "evoluído" à mesa...tornando-se mais complexo à medida que o tempo passava, "escondendo" aromas nas curvas do copo e desvendando traços de personalidade à medida que ia respirando. Aliás, como é característicos de um reserva deste tipo... e paulatinamente, ia me lembrando dela a falar sobre os vinhos da herdade do Comendador Nabeiro.
Sitia-o bem!... Tanto na primeira vez que vi, como no caso dela mais recentemente. Qualquer coisa de tão subtil e interessante que me arrepia e me deixa derrotado... Uma mulher!... Uma bela mulher a falar de vinho, e com um conhecimento apaixonado, nobre, profundo e sentido! Fosse sobre as castas Syrah e Petit Verdot que eram o sal e pimenta dos vinhos da adega; ou sobre as barricas de carvalho francês e americano que oferecem as diferentes notas de complexidade ao vinho; etc.
Gostava de conhecer e de me envolver com alguém que tivesse uma paixão destas... com esta particularidade e nobre gosto pelo (re)confortante e meio catalisador de bons momentos que é o nosso bom vinho.
Eu já o sabia... mas agora verifiquei a minha certeza!
Quando me perguntam o que vai bem com este vinho!?...
Talvez a companhia dela... d'aquela pessoa!