10 setembro 2011

Da ansiedade... à ataraxia.

     autor: desconhecido | fonte: merryquitecontrary.wordpress.com
Não sei explicar bem... É qualquer coisa de gratificante que se sente.
Como se fosse a materialização de uma qualquer reminescente vontade selvagem de criar ou manter "um abrigo". Provavelmente será simplesmente a necessidade de verificar que se é capaz de o fazer!...
Acho que faz sempre bem a um homem andar a fazer pequenas obras ou arranjos na sua casa. Com a expressão facial da mais complexa das concentrações, a deambular compassadamente pelas divisões do apartamento a fazer coisas.
Estou a ver-me: de chinelos, calções descaídos e sem t-shirt... algumas linhas quebradas de suor a escorrer pelas costas... sujo, impregnado, mãos nojentas... a sujar tudo em que se toca e a pensar o que vai lanchar mais tarde.
Seja a fazer arranjos com ferramentas espalhadas pelo chão ou com luvas, trinchas, decapantes, espátulas e jornais a retirar tinta vã de portas velhas, como é o caso. Dores nos joelhos e nas costas por andar a raspar ombreiras em posições que nem poderiam constar no Kamasutra! (talvez seja mas é de ter ido de manhã ao ginásio... mas isso agora não interessa para nada!)
Mas um problemas revela-se!!! O trabalho torna-se inexequível... alterando rapidamente o "status quo" e tornando a situação impraticável.
Um homem fica "de rastos" ao tomar a consciência da sua própria impotência em relação ao simples mas desgastante trabalho nada herculiano... e resignado com a sua desistência. Seja por falta do equipamento ou ferramenta certa, seja simplesmente por não ter capacidade para o completar... e ainda fica o lixo espalhado e as merdas todas para arrumar!
É evidentemente claro que, na vida, algumas coisas têm que ficar por fazer!...
Mas andava já há algum tempo a planear estes pequenos trabalhos e tinha agora arranjado os materias que julgava necessários. No entanto, não vou conseguir acabar o serviço e vou ter de ir arranjar um maçarico e "pegar fogo" às portas, coisa que não queria fazer por me julgar incapaz, mas que terá de ser mais um desafio a ser ultrapassado...
Já são tantas as coisas que ficam ou que ficaram por fazer ao longo destes anos... coisas que foram adiadas por vontade própria ou por não ter vontade imediata para as fazer... por falta de verbas ou de simples desleixo no seu planeamento... Talvez algumas tenham sido, à partida, resignadas ao insucesso por começar logo a preocupar-me demasiado com as mesmas... e assim transformando-as em enormes montanhas impossíveis de escalar!
Agora já não é assim... já não me preocupo tanto. Que se lixe... fica por fazer até arranjar a ferramenta, e pronto! A casa é minha, e eu é que sei... Reconheço em mim a vontade suficiente para terminar o serviço, e por isso tenho a certeza que o irei fazer, mais cedo ou mais tarde.
Sinto-me diferente... sinto-me como se padecesse de Ataraxia (da Filosofia - Termo grego para um estado lúcido, caracterizado pela ausência de preocupação ou de qualquer outra preocupação). Não sei se é bom, ou se é mau...
Sinceramente... não quero saber. Faz-me sentir bem... fico leve.

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