18 junho 2011

O "não" está sempre garantido...!

     Audrey Tautou | fonte: edeuscriouamulher.blogs.sapo.pt
Se vos dissesse que em dezembro passado, ao sair do consultório da higienista, que tinha acabado de conhecer, não me passou pela cabeça a ideia de a convidar para sair... estava a mentir! Falando ontem com um amigo, ele até me disse: "realmente tu na altura comentas-te alguma coisa...". Nem me lembrava...
Quando o telefone deu o aviso que a consulta semestral de higiene oral era esta semana, admito que me veio à memória a imagem dela... e o nome, pois partilhamos o mesmo sobrenome (situação curiosa... e irrelevante!) mas não era coisa suficiente para ir com uma "estratégia" para a ocasião!!!
Sexta de manhã, lá fui para a clínica. Depois da informal e calorosa recepção, segui-se a entrada para o gabinete e o sentar na "maquiavélica" cadeira de dentista... nesse dia, a "cadeira" não me conseguiu atormentar!
Ela foi fazendo a limpeza... diga-se que o faz com umas admiráveis "mãos de veludo", e nada de assinalar no decorrer da consulta.
Vou só no fim, enquanto esperava que o gel fizesse efeito (com aquela enorme forma irritante de papel na boca, que me impedia de proferir qualquer tipo de som ou palavra...) e enquanto ele terminava de limpar bancada e registar os procedimentos no computador... é que o senti!!!
Olhei para ela de costas... a bata casualmente vestida, o cabelo despretensiosamente apanhado terminando num pequeno rabo de cavalo e... uma expressão facial serena e aquele olhar caloroso e familiar... acho que me fez lembrar a Audrey Tautou! Tinha que fazer alguma coisa...
É o fim da consulta. Estamos de pé junto à porta... ela profere os conselhos do costume e os votos de bom fim-de-semana e boas férias. Diz as palavras devagar, e até "mordeu" algumas sílabas... Sinto que "existe aqui alguma coisa". É mais baixa que eu, e ao olha-la nos olhos consigo ver o seu pé direito a rodopiar sobre a ponta dos dedos e a esconder-se por trás do esquerdo... Ao mesmo tempo desse pequeno gesto simples diz o último conselho: "Na próxima hora não pode meter nada na boca." Ao que eu deveria ter imediatamente respondido: "Pena, queria convida-la para tomar uma café, e assim não posso beber nada..."
Não me saíram as palavras... Dois beijos e saio do gabinete. Começo a descer o corredor, acalmei o passo e pensei que deveria voltar atrás. Fui cobarde, não o fiz. Já um pouco chateado comigo mesmo, meti-me no carro e dirigi-me para o escritório. No caminho disse para mim mesmo que iria fazer alguma coisa para rectificar esta situação, pois não queria ficar a pensar nisto durante alguns dias. Martirizei-me, pois se não tivesse começado a pensar nisso, não estava agora a "obrigar-me" a fazê-lo. Não sabia o que fazer... lembrei-me das palavras de um amigo: "O não é sempre garantido!"
Á tarde, decidi telefonar para a clinica e fazer o convite por telefone... eu sei, não é bonito... mas tinha que resolver o caso nesse dia, não queria ir "dormir sobre o assunto" pois iria acabar por esperar mais 6 meses até ter outra oportunidade. Ela tinha já saído e pior... devido ao feriado só iria estar lá na outra sexta. Fiquei lixado... tinha que esperar uma semana. Estúpido!!!
Não quero perder esta oportunidade... acho que vou deixar-lhe um cartão. Aquela manobra clássica, que neste caso é a única que me resta.
Depois disto, não é o "não" que me assunta, mas antes o "sim"...

1 comentário:

  1. Mas também há aquela sensação de que caso diga o "não", ficarmos a pensar no: que mal tem uma saida? É sp uma mistura de sentimentos.

    GB

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