10 julho 2011

As razões da queda... 0.2

    "Será genético ou comportamental!?"
     autor: desconhecido | fonte: dailymail.co.uk
Andei a antecipar este post há alguns dias... não queria falar nele, sem ter a certeza absoluta que o deveria fazer. Neste preciso momento, nem sei bem como o farei, mas sinto que o preciso de fazer! Tentei fazê-lo de manhã, quando vim do ginásio... não consegui. Tinha agora acabado de abrir uma garrafa de Esteva 2009, apanhei-me o intervalo do Benfica, lembrei-me dele... vim aqui.
Já tinha comentado que o meu Pai já faleceu... irá fazer no princípio do próximo mês 10 anos... fogo!!! Dez anos, nem conseguo entender bem isso, parece que foi um.... Deu um tiro na cabeça, com um revólver calibre 22, ainda cedo enquanto estava dentro do seu carro a caminho do escritório. Decidiu fazê-lo depois de um último telefonema para o seu gestor de conta no banco, à qual não houve resposta satisfatória, pelo que aconteceu de seguida! Este "quadro" deve ser o suficiente para criar um panorama da ignóbil situação dramática...
Até hoje, era a única pessoa em quem confiava cegamente, pois além de ter usufruído da sua excelente educação cívica, tinha por ele uma estima que ultrapassava o sentimento de amor de filho... tinha orgulho por ele ser um homem completamente integro, excelente amigo do seu próximo e nunca hipócrita ou canalha... acabou por morrer por isso, por ser uma pessoa "boa" demais.
Lembro-me que, até hoje, era a única pessoa que, enquanto conduzia o carro, eu conseguia dormir na viatura... Fomos uma vez a Marrocos, em passeio, e ele adormeceu enquanto eu conduzia!...
Tínhamos tudo planeado. Ele tinha uma empresa de construção e era engenheiro, eu iria acabar o curso de arquitectura e vinha para a terra ajudar ao negócio de família. Eis que, em pleno verão de 2001, precisamente a meio do meu percurso universitário, o homem decidiu acabar com tudo... inevitavelmente sujeito a enormes pressões por parte da banca e não vendo outra alternativa à falência e à inevitável humilhação que se seguiria... era vereador na câmara há altura!
Nunca me revoltei... acho que compreendi, ou sempre soube que seria este o desfecho... mas fiquei "descalço", desamparado... sozinho! Consegui resolver as coisas a custo, e com a ajuda da Segurança Social lá acabei o curso... mas já não era a mesma coisa! Tinha um "fim" delineado... uma formação profissional para receber de meu Pai assim que terminasse o curso! Tinha um "objectivo" pré-definido, e tudo se esfumou... entre culpa e comiserações inúteis!
Tenho agora a noção que nestes dez anos andei aos trambolhões... à procura de uma zona plana no meio da encosta por onde comecei a resvalar desde que aquilo aconteceu! Pior... sei que... não! Tenho a certeza que podia o ter evitado, não tivesse eu sido tamanha desilusão e mais "homenzinho" em certa altura!...
Agora tenho medo, horror, pânico... de acabar igual! Não propriamente em suicídio... mas destroçado, sem solução possível... na falência e a pedir... talvez por orgulho, ou por ter sido educado de uma maneira que é mais provavel morrer de fome do que quebrar princípios fundamentais da nobreza humana!
Enquanto agarrado por um fio à tal parede escorregadia... ainda é a "bagagem" que me pesa mais nas costas e que me impede de ultrapassar algumas barreiras... Acho que não recuperei do choque de me tirarem o tapete debaixo dos pés, numa altura em que ele era mesmo preciso, e agora ainda mais, nesta conjuntura depravada impossível de contrariar!
Tenho saudades, tenho pena... tenho muita falta!

7 comentários:

  1. ups... nem sei o que dizer... só que percebo bem o que sentes... não, não vivi nada semelhante... só também e sensação de perda, principalmente da mãe a qual me fez sentir amputada de qq membro... força aí... a vida tem destas coisas e fases menos boas, mas merece sempre a pena ser vivida... os momentos maus tb passam... um beijinho grande...
    :)

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  2. Eu sei São! Por isso a dúvida de escrever... Mas já foi! Obrigado.

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  3. O medo é algo que nos impede de sermos racionais e dar o nosso melhor. Se eu colocar numa balança o medo … esse pesa tanto como o ser feliz. Muitas pessoas perguntam-me como eu consigo estar sempre de bem apesar das pancadas da vida (daquelas que arrebentam com qualquer pessoa) e eu respondo: no dia que deixar de ter medo deixo de lutar para ser feliz.
    Se pensar-mos bem o medo não é medo, é mais um receio, não é?
    Temos receio de cair, de nos magoar-mos, de magoar alguém, de não conseguir algo, de não vencer na vida, de ficar sozinho, de morrer … sei lá … mas tudo isso pode nos acontecer só por andar-mos na rua … não podemos deixar que isso nos controle. Para isso nada melhor que o enfrentar.
    Sabes como eu funciono? Respirar fundo, manter a calma, entoar o meu hino J e acreditar no destino.
    Ninguém nasce ensinado e todos os dias aprendemos algo. Não podemos é parar senão nunca mais...
    Luta pelos teus sonhos porque os vais conseguir, e teu pai (onde quer que esteja) vai ter muito orgulho no Homem que és.
    Força!!

    Alexia

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  4. http://youtu.be/_ySQMv1_NSs

    ...e um pouco mais de sol - eu era brasa,
    Um pouco mais de azul - eu era além.
    Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
    Se ao menos eu permanecesse aquém...

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  5. Belas pelas palavras, Alexia! Dá para perceber que és sensata, religiosa e espiritual... Obrigado.
    O grande Cesariny... talvez o último dos surrealistas! :)

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  6. Considero-me sensata, mas não muito religiosa, nem espiritual ... apenas penso que a vida é feita de sucessivas tentativas, fracassos e conquistas... que devemos explorar todos os caminhos que a vida nos dá a escolher... sejam de sofrimento, de alegria, de tristeza ou de amor...
    Sou somente apologista de tentar, lutar, conquistar e se possível evitar os fracassos ;)

    Alexia

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  7. Escrever é também exorcizar. Acredito na dor, nas perdas, mas existe sempre uma esperança! Por isso se partilham emoções, e às vezes nos perdemos nelas.
    Desejo-te sorte, extroversão, força e alegria, a namorada chegará quando estiveres receptivo.

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