12 julho 2011

As razões da queda... 0.3

    "Migração forçada ou exílio voluntário?"
     autor: desconhecido | fonte: paratyemfoco.com/blog
Não estou no meu meio... na minha terra... no meu espaço de conforto! Não nasci aqui, pior!... não cresci aqui nem me formei como pessoa aqui. Nunca desenvolvi "raízes", fortes amizades, fracas amizades, desgostos ou cicatrizes aqui!
Não me sinto como "sendo destas bandas". Antes sinto-me um pouco como um apátrida em suspensão... moro em Alcobaça, mas resido em Lisboa. Voto e pago impostos em Alcobaça, mas vivo em Lisboa. Trabalho em Lisboa, mas a maior parte da minha vida social está em Alcobaça...
É um sentimento estranho, de uma vida desconexa e com que venho a lutar hà quatro anos. Vim para Lisboa estudar durante a faculdade. Foram sete anos a fazer viagens pendulares aos fins-de-semana à terrinha para matar saudades, células cerebrais e camadas de fígado... Assim que terminei o curso,  retornei à minha zona para trabalhar, mas dois anos depois voltei para aqui à procura de melhores oportunidades. Não correu muito bem... como se pode entender!?
Durante estes quatro anos, fui paulatinamente deixando de ir com regularidade a Alcobaça. Por razões várias fui-me afastando e resignando a ficar por cá.
Lembro-me que começou por dinheiro... para poupar, e por vergonha, por ter pouco para gastar quando lá ia. Talvez também fosse para fugir de algumas relações falhadas, e por não perspectivar uma vida adulta inserido num meio onde não encontrava uma "alma gémea" ou alguém interessante para o fazer...
Depois, como ia lá cada vez menos, fui perdendo amigos... começou a ser mais difícil ir, pois já me encontrava resumido a um punhado deles.
Passado algum tempo, quando lá ia, a vontade de falar com todas as pessoas e visitar todas as "capelas" fazia com que o "exagero" se apodera-se de mim e obstruísse a sensatez... e fazia coisas impossíveis de lembrar e partilhar.
Do género: aquelas coisas das quais não se pode dizer o nome...
Mas o pior... o pior é que, não ia a Alcobaça socializar, mas cá também não o fazia!
Alguns amigos de faculdade e amigos desses amigos... dois ou três conhecidos de trabalho, e pouco mais. Não saía muito! Aliás, nem muito nem pouco... era mais nada! Outra vez por dinheiro... se não saísse de casa, não gastava. Lembro-me alguns fins-de-semana verdadeiramente em estado "ermita", sem proferir palavra com ninguém, tirando: "Um café" e "Obrigado" quando ia à pastelaria...
Sei que isto não me fez nada bem! Estragou-me... danificou-me... alterou muito a maneira de ver as coisas! Durante longos meses tornou-se um incómodo recorrente, e entretanto espero quebrar esta "barreira" intransponível...
Ajuda!... Já me exilei tanto, agora mal consigo sair disto. Preciso urgentemente que me dêem a mão! Anseio por um convite, uma proposta... um desafio!
Sei que fiz uma migração necessária... mas não queria tornar isto num exílio forçado. E estando numa das cidades mais bonitas da Europa, onde agora não há desculpa para ficar em casa. 
Vou começar a comprar a "Time Out", e agora só preciso de companhia!...

4 comentários:

  1. De todos os posts que já li aqui no blog, este é, certamente, aquele com que mais me identifico. Por acaso nasci na cidade onde moro (mas foi só mesmo a parte do nascimento). Tirando isso, não cresci nem estudei cá. Vim aqui parar por questões laborais, logo, não tenho raízes nenhumas por estas bandas.
    Tal como tu, estão todas "na minha terra". E, tal como tu, também eu, pelo afastamento geográfico (e outros factores), durante muito tempo, desliguei-me dos amigos e das pessoas com quem me relacionava aos fins-de-semana.
    Cheguei a uma altura em que me assustei porque percebi que, se fosse à terra, quase não tinha ninguém com quem saír (para isso já me basta o exílio semanal), e não era por falta de conhecer pessoas. As minhas amigas até costumam gozar comigo e dizer que se eu não conheço uma determinada pessoa, é porque não existe :)
    Adiante... Perante tão assustadora constatação decidi deitar mãos à obra, e comecei a reaproximar-me das pessoas.
    Devagarinho, sem grandes pressas, voltei a reatar algumas relações. As suficientes para me voltar a sentir "em casa". Entre outras coisas, também descobri que há muito mais pessoas da minha terra aqui nesta cidade, do que eu imaginava.
    É muito bom voltar a receber sms dos amigos a perguntar: "Loira, este fim-de-semana vens?"
    Tal como uma plantinha, temos de cultivar as relações e as amizades. É bom receber, mas, em primeira instância, temos de dar de nós, o que nem sempre é fácil. O importante, é que valha a pena.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Brutal!... é mesmo isso. Sabes, desde que fiz o post já tenho um convite para jantarada de amigos na terrinha... Vou-me dar! E sei que vai valer a pena. :)

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