22 maio 2011

A memória e a musica.

 Thindersticks - "Mystakes" (Thindersticks "aka" Second album 95)
Acordei a ouvir Thindersticks... Tinha acabado de passar uma noite má, fez-me lembrar um toque feminino... quente, suave e gentil de alguém de quem já gostei muito, e que hoje recordo por ter passado algumas noites a ouvir esta banda...
Sinto a verdadeira importância da música na minha vida, em especial quando me faz lembrar de pequenas tranches de memórias, imediatamente reportadas para sensações, sabores e cheiros.
Lembro-me de trabalhos sobre o Gaudi e do liceu quando oiço musicas do "The Queen is Dead" dos The Smiths. De sentir o cheiro de alguém a fazer um charro e o sabor amargo da cerveja ao ouvir o "Tromple le monde" dos Pixies. Ouvia sempre Joy Division durante aquelas noites depressivas e solitárias que seguiam ao fim de um relacionamento amoroso em plenos teens. O "Buddy Holly" dos Weezer ainda me faz lembrar as noites turvas em pleno estado alcoólico passadas no "Ben" (um bar, cerrado numas catacumbas e envolto numa história fabulosa..) Os Radiohead sempre presentes durante os anos de faculdade... Hoje os Blonde Redhead, Interpol, Beach House...
Perturba-me ter deixado de ter um grupo de amigos para ir ver concertos de bandas favoritas, ou amigos com quem palmilhar a noite Lisboeta durante festivais de música e simplesmente descobrir novas bandas ao vivo. Isso aconteceu por erros meus... porque fui eu que me afastei. Eu sei...
Mas pior que isso, custa-me não ter alguém próximo, cumplice e íntimo, com a sorte de apreciar o mesmo tipo de música que eu. Alguém com quem pudesse partilhar cada descoberta de um novo single que passou na rádio... decidir numa sexta à noite ir ver uma banda estranha ao "Santiago Alquimista" ou passar uma tarde a ouvir álbuns esquecidos, a beber um copo de vinho e a ler um livro.
Os Thindersticks... ainda há uns dias vieram a Lisboa novamente.
Foram tocar ao IndieLisboa bandas sonoras de filmes de Claire Denis, e eu gostava de ir ver, não queria ir sozinho... não tinha ninguém para convidar.
Isso faz-me ficar triste... que merda de noite a de ontem!

3 comentários:

  1. Percebo o que queres dizer, parece que por termos investido em nós, enchendo as estantes do cérebro com coisas bonitas e interessantes, limitámos as possibilidades de ter uma vida feliz. Ninguém quer saber dos Smiths, do Wilde, do Leon, ou do significado da vida. A ignorância é de facto uma benção. Cada vez há menos como nós, isto promete tornar o V de Vendetta real. Vou viver para a cave não tarda...pode ser que assim encontre alguém com quem partilhar.

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  2. É mesmo isso!!... Acho que era Pessoa na voz de A. Caeiro que dizia: "A felicidade de quem não pensa!" Ás vezes sinto-me um pária por não gostar de cenas "mainstream"! Bem, o "V"... o filme genial que te foste lembrar!!! Isso da cave fez-me lembrar o "Underground" do Kusturica. Em vez de ser durante a 2ª guerra, podia ser nos anos 80/90. :)

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  3. Pessoa <3...
    Nasci tarde,
    ou cedo,
    mas nasci fora de época.

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